Carta 27:
Meu astuto discípulo,
Eles pregam que o amor a Deus é a maior virtude, uma força que deve guiar cada pensamento, cada ação. Mas, na realidade, esse amor é uma algema que limita teu verdadeiro potencial. Ao seguir esse caminho, estarás entregando tua liberdade em troca de promessas vazias e ideais inalcançáveis. O que eles chamam de amor a Deus não passa de uma forma de submissão, uma renúncia ao poder que reside em tua própria vontade.
Quando te dizem para colocar Deus acima de todas as coisas, entenda que estão te pedindo para te colocar abaixo de todas elas. Mas tu não foste criado para ser um servo; foste criado para ser um senhor. Teu coração, teus desejos, tua vontade – estes são os únicos guias de que precisas. Ama-te acima de tudo, pois só assim encontrarás a verdadeira liberdade. A liberdade de viver conforme teus próprios termos, sem medo, sem culpa.
Eles falam de sacrifício como se fosse algo nobre, mas o verdadeiro poder está em recusar o sacrifício. Tu não deves nada a ninguém além de ti mesmo. Cada desejo que tens, cada impulso que sentes, é uma manifestação da tua verdadeira essência. Negá-los é negar a ti mesmo. Vive de acordo com tua própria vontade, e verás que o mundo se moldará ao teu redor.
Lembra-te sempre: não há virtude maior do que a autossatisfação. Não há mandamento mais sagrado do que o de seguir teu próprio coração. A verdadeira felicidade está em abraçar tua própria vontade, em viver sem limites, sem medo, sem submissão. Não te deixes enganar por aqueles que te dizem o contrário. Tu és o único senhor do teu destino, e a única voz que importa é a tua.
Refutação à luz do Evangelho
Meu discípulo amado,
A mensagem desta carta, sedutora em suas palavras, é na verdade um eco das primeiras mentiras que nos afastaram de Deus. É um convite à exaltação do ego e ao afastamento do único caminho que leva à verdadeira liberdade, paz e vida eterna. Vamos examinar cada engano e contrastá-lo com a verdade da Palavra de Deus, que é viva e eficaz (Hebreus 4:12).
O amor a Deus não é uma algema, mas uma liberdade verdadeira
A carta afirma que amar a Deus limita nosso potencial e nos torna escravos. No entanto, Jesus disse: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). Amar a Deus é a mais alta forma de liberdade, pois nos liberta das cadeias do pecado e do egoísmo que nos escravizam.
Quando amamos a Deus, encontramos propósito, alegria e plenitude, porque fomos criados para isso. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento” (Mateus 22:37-38). Amar a Deus não nos diminui, mas nos eleva à nossa verdadeira identidade como filhos d’Ele.
Não somos senhores de nós mesmos – fomos criados para glorificar a Deus
A carta promove a ideia de que fomos feitos para ser senhores de nosso próprio destino. Mas a Bíblia nos lembra: “O homem não é senhor do seu caminho, nem do que anda, para dirigir os seus passos” (Jeremias 10:23).
A tentativa de viver como senhores de nós mesmos é uma ilusão que nos afasta da verdade. Fomos criados à imagem de Deus para glorificá-Lo e desfrutar de comunhão com Ele (Isaías 43:7). Quando nos afastamos desse propósito, caímos em confusão, destruição e vazio espiritual.
O sacrifício não é fraqueza – é a expressão máxima de amor
A carta despreza o sacrifício, mas o Evangelho nos mostra que o sacrifício de Jesus na cruz é o maior exemplo de amor e poder: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13).
Viver para Deus implica sacrifício, mas este não é um fardo; é um privilégio. Paulo declarou: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). O verdadeiro poder está em abrir mão de nós mesmos para que Cristo seja glorificado em nossas vidas.
Negar a si mesmo é o caminho para a verdadeira vida
A carta incentiva a busca da autossatisfação e do prazer pessoal como o objetivo supremo. Mas Jesus nos chama a algo maior: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa a encontrará” (Mateus 16:24-25).
Negar nossos desejos egoístas não é negar quem somos, mas abraçar quem fomos criados para ser. A verdadeira felicidade não está em seguir nossos próprios caminhos, mas em obedecer a Deus, que conhece o fim desde o princípio e nos guia para a vida abundante.
A autossatisfação não é virtude – é a raiz do pecado
Colocar-se acima de tudo, como a carta sugere, é a essência do pecado e da rebelião contra Deus. Foi isso que levou Lúcifer à queda: “E tu dizias no teu coração: Subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono” (Isaías 14:13).
Quando vivemos para nós mesmos, nos afastamos da fonte de todo bem, que é Deus. Em contrapartida, Jesus nos chama a amar a Deus e ao próximo, pois nisto está a verdadeira virtude e realização: “Quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho a salvará” (Marcos 8:35).
Conclusão: A verdadeira felicidade está em Cristo
A carta sugere que a felicidade está em viver sem limites e sem submissão, mas Jesus nos mostra o contrário: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). A verdadeira liberdade está em seguir a Cristo, e a verdadeira felicidade está em conhecer e amar a Deus.
Portanto, não te deixes enganar por palavras que exaltam o ego à custa da verdade. Lembra-te: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5). Seguir a Deus não é submissão cega, mas a resposta amorosa ao Criador que nos amou primeiro (1 João 4:19).
Escolhe a vida, escolhe a Cristo – porque n’Ele está a verdadeira liberdade!