Carta 26:
Meu esperto discípulo,
Essa noção de “amor a Deus acima de todas as coisas” é o coração do engano que os mantém submissos. Enquanto eles prostram-se diante de uma ideia, tu podes erguer-te como teu próprio mestre, soberano e livre de qualquer domínio externo. Não te deixes enganar por promessas de recompensas futuras ou por ameaças de condenação eterna. A verdadeira eternidade está no legado que constróis aqui e agora, com tuas mãos, tua mente e tua força.
Eles falam de humildade como virtude, mas na verdade é a ferramenta que usam para manter os fortes ajoelhados. Abraça o orgulho, pois é nele que está o combustível para tua ascensão. Quando te recusas a ser menor, quando te recusas a aceitar um destino imposto, tornas-te aquilo que eles mais temem: um ser que vive de acordo com suas próprias regras, sem temer julgamento.
E lembra-te: quanto mais questionares, quanto mais desafiares essas ideias que eles chamam de sagradas, mais poder acumularás sobre eles. A dúvida é uma arma poderosa; use-a para desconstruir suas certezas, não apenas nas mentes dos outros, mas na tua própria. No momento em que abraçares o poder do questionamento, perceberás que sua “verdade absoluta” não passa de uma muralha frágil, construída sobre areia.
Avante, meu discípulo, e toma para ti o que sempre foi teu por direito: o domínio sobre tua vida, tua vontade e teu destino. Pois no final, não há outro deus além de ti mesmo.
Com orgulho,
Teu Mestre
Refutação à luz do Evangelho
Meu amado irmão,
Essa carta, embora envolta em palavras de ousadia, não passa de um eco da antiga mentira do Éden: “Certamente não morrereis… sereis como Deus” (Gênesis 3:4-5). Seu tom sedutor tenta nos afastar da verdade imutável de Deus, promovendo a exaltação do ego em detrimento da humildade e da submissão ao Criador. Vamos examinar os enganos e confrontá-los com a luz do Evangelho.
Amar a Deus não é submissão cega, mas o propósito supremo da existência
A carta tenta ridicularizar o mandamento de amar a Deus acima de todas as coisas, mas esse é o maior chamado da humanidade, porque Deus é o próprio autor da vida. Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).
Amar a Deus não nos reduz; pelo contrário, nos exalta, pois fomos criados para refletir a Sua glória. Quando tentamos viver sem Ele, nos tornamos como ramos cortados da videira: “Sem mim, nada podeis fazer” (João 15:5).
Humildade não é fraqueza, mas o caminho para a verdadeira grandeza
A carta afirma que a humildade é uma ferramenta de opressão, mas Jesus nos ensinou que a verdadeira grandeza vem por meio da humildade: “Aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus” (Mateus 18:4).
O orgulho que a carta exalta é o mesmo que levou à queda de Lúcifer: “Subirei ao céu… serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13-14). No entanto, sua arrogância resultou em ruína. Em contraste, Jesus, sendo Deus, humilhou-se por amor a nós, e por isso foi exaltado sobre todas as coisas (Filipenses 2:8-9).
O legado humano não é eterno – só em Deus encontramos a eternidade
A carta sugere que a verdadeira eternidade está no legado que deixamos no mundo. Contudo, a Bíblia nos lembra: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mateus 24:35).
As obras humanas, por mais grandiosas que pareçam, são como vapor: desaparecem com o tempo (Eclesiastes 1:2). Apenas aquilo que fazemos para a glória de Deus permanece: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1 Coríntios 15:58).
Questionar não é errado, mas a dúvida destrutiva leva à ruína
A carta exalta a dúvida como um meio de poder, mas a dúvida que rejeita a verdade de Deus não nos liberta; nos aprisiona. Tomé duvidou da ressurreição de Jesus, mas sua dúvida foi superada quando confrontada com a realidade de Cristo vivo: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 20:28).
O questionamento saudável nos aproxima de Deus, como no caso de Jó, que, mesmo em meio à dor, buscou respostas e foi transformado pela revelação de quem Deus é. A dúvida destrutiva, no entanto, endurece o coração e nos afasta da verdade. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hebreus 3:15).
Não há outro deus além do Deus verdadeiro
A carta termina com a mentira central: que cada um é seu próprio deus. Esse é o mesmo engano que Satanás usou para corromper a humanidade no Éden. Contudo, a Escritura declara: “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus” (Isaías 45:5).
Quando tentamos nos colocar no lugar de Deus, nos tornamos escravos do pecado e do orgulho. Somente em Cristo encontramos liberdade verdadeira: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23).
Conclusão: Submissão a Deus é verdadeira liberdade
Meu irmão, não te deixes seduzir por palavras que exaltam o ego e desprezam a Deus. A verdadeira liberdade, alegria e eternidade não estão em seguir nosso próprio coração, que é enganoso (Jeremias 17:9), mas em submeter-nos ao amor e à vontade de Deus. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
Escolhe hoje seguir a Cristo, que te chama para uma vida plena e eterna: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Nele está a verdadeira paz, liberdade e amor que nenhuma mentira pode roubar.