Cultura vs. Verdade Eterna

Cultura: Artes, Crenças, Valores e Costumes

A palavra “cultura” origina-se do termo latino colere, que significa “cultivar” ou “cuidar”. Inicialmente associada ao cultivo da terra, a ideia foi gradualmente ampliada para abarcar o cultivo das faculdades humanas, incluindo as artes, as crenças, os valores e os costumes. Nesse sentido, “cultura” refere-se ao conjunto de práticas, conhecimentos, valores e expressões compartilhados por um grupo, moldando sua identidade e visão de mundo.

A Cultura “Come” a Estratégia no Café da Manhã”

Peter Drucker popularizou a ideia de que a cultura é uma força tão poderosa dentro de organizações e sociedades que pode sabotar as melhores estratégias se não for alinhada com elas. Isso reflete o impacto profundo da cultura como um sistema invisível, mas poderoso, que molda comportamentos e decisões.

Dentro de um contexto cristão, podemos dizer que a cultura humana frequentemente resiste à transformação pelo evangelho porque ela reflete a natureza caída do ser humano e suas tentativas de autonomia em relação a Deus.

O Poder de Influência da Cultura

A cultura exerce um papel fundamental na formação da identidade individual e coletiva. Ela funciona como uma lente por meio da qual as pessoas enxergam o mundo, interpretam acontecimentos e definem seu lugar no universo. Isso é visível em três dimensões principais:

  1. Tradição: A cultura carrega tradições que moldam os hábitos, os valores e as crenças transmitidos de geração em geração. Tradições, embora possam ser benéficas, muitas vezes cristalizam práticas e ideias que não se alinham à verdade de Deus, como vimos com os fariseus no Novo Testamento.
  2. Pertencimento: A cultura cria um senso de comunidade e pertencimento, proporcionando segurança e identidade. Esse sentimento pode ser uma bênção ou uma prisão, dependendo de sua relação com a verdade. Muitos têm medo de romper com suas culturas porque isso os alienaria de seu grupo.
  3. Influência Ideológica: As ideias culturais moldam como as pessoas percebem o certo e o errado. Por exemplo, na cultura moderna ocidental, o individualismo e o relativismo moral são promovidos, frequentemente em oposição à cosmovisão bíblica.

Paralelo Entre Cultura e Verdades Eternas

A cultura humana é mutável e transitória, enquanto as verdades de Deus, reveladas em Cristo e na Escritura, são eternas e imutáveis.

Cultura Humana:

  • Baseada em normas sociais que evoluem ao longo do tempo.
  • Enraizada em interpretações e convenções humanas.
  • Geralmente orientada pelo desejo humano de controle, justiça própria ou prazer.

Verdades de Deus:

  • São imutáveis e independentes da aprovação ou aceitação humanas.
  • Revelam o caráter de Deus e seu plano eterno.
  • Chamam o ser humano a abandonar o conformismo cultural em favor de uma transformação contínua pela renovação da mente (Romanos 12:2).

Cristo, como a encarnação da verdade, não apenas desafiou as culturas humanas, mas também demonstrou como o reino de Deus transcende todas as culturas. Ele confrontou tradições que deturpavam a lei de Deus (Marcos 7:6-13) e expôs a hipocrisia dos líderes religiosos que usavam a cultura para dominar, em vez de guiar espiritualmente.

Cristo e a Cultura

Cristo confrontou questões culturais e tradições humanas ao proclamar a verdade do reino de Deus. Ele desafiou normas culturais de exclusão, como a segregação entre judeus e samaritanos, e normas religiosas que enfatizavam a forma em detrimento do coração.

Exemplos incluem:

  • Tradição vs. Mandamento de Deus: Jesus censurou os fariseus por anularem os mandamentos de Deus em favor de tradições humanas (Marcos 7:8-9).
  • Identidade Cultural vs. Identidade no Reino: Ao encontrar a mulher samaritana, Ele rompeu barreiras culturais, mostrando que a verdadeira adoração é “em espírito e em verdade” (João 4:23-24).
  • Cultura de Poder vs. Serviço: Jesus redefiniu liderança e grandeza como serviço e sacrifício (Mateus 20:25-28).

Cristo mostrou que a cultura, quando fundamentada na justiça própria ou na busca de satisfação humana, leva à morte espiritual. O reino de Deus, em contraste, chama os homens a morrerem para si mesmos e viverem em obediência ao evangelho.


O Reino de Deus Não é Cultural

O reino de Deus não está vinculado a nenhuma cultura humana porque é eterno e transcendente. Sua justiça não depende de normas culturais, mas da perfeita justiça de Cristo. Isso confronta diretamente a tendência natural do ser humano de criar sistemas culturais baseados na justiça própria, no hedonismo ou no orgulho.

A justiça própria e a auto-satisfação são frutos de uma cultura de pecado. Sem Cristo, o homem tende a criar sistemas que reforçam sua autonomia e distanciam-no de Deus. Porém, o chamado de Cristo é para que rejeitemos as “culturas” do pecado e vivamos em comunhão com Ele, sendo parte de uma nova humanidade reconciliada (Efésios 2:15-16).

Reflexão Final

A cultura humana, devido à queda, ela frequentemente distorce e se opõe à verdade divina. A missão do cristão bíblico é viver no mundo sem ser conformado a ele, permitindo que o evangelho transforme a cultura ao invés de ser moldado por ela. Assim como Cristo confrontou as tradições humanas com a verdade eterna, somos chamados a fazer o mesmo, vivendo como cidadãos do reino eterno que transcende todas as culturas.

Moral da História

A moral da história reside na compreensão de que a cultura humana, enquanto moldada por valores e práticas transitórios, não pode ser um guia último para a verdade, a moralidade e o propósito. Embora a cultura forneça um senso de identidade e pertencimento, ela frequentemente reflete a natureza caída da humanidade, o que a torna suscetível à corrupção, orgulho, hedonismo e resistência às verdades divinas.

Por outro lado, as verdades de Deus, reveladas nas Escrituras e em Cristo, são eternas, imutáveis e transcendem todas as culturas humanas. O chamado do evangelho é para que sejamos transformados pela renovação da mente e vivamos como cidadãos do reino de Deus, que não se submete aos valores efêmeros de qualquer cultura humana.

A lição principal pode ser resumida assim:

  • O reino de Deus não é cultural: Ele transcende tradições, práticas e normas humanas.
  • A transformação pelo evangelho é essencial: O cristão deve viver no mundo sem ser conformado a ele (Romanos 12:2), permitindo que sua vida testemunhe a verdade de Deus.
  • A cultura deve ser confrontada e redimida: Assim como Cristo desafiou tradições humanas, os cristãos são chamados a ser sal e luz (Mateus 5:13-16), influenciando positivamente a cultura e guiando-a para a verdade do evangelho.

Em essência, a moral é que devemos priorizar a verdade divina sobre os valores culturais e viver de forma que nossas vidas reflitam a eternidade e a justiça do reino de Deus.

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