Dever Humano: Uma Responsabilidade Eterna
O dever humano, na perspectiva das verdades eternas, vai muito além das obrigações sociais ou das normas impostas por leis civis. Ele representa uma responsabilidade espiritual inescapável, enraizada na natureza da criação divina e no propósito que Deus estabeleceu para a humanidade. Desde o início, como narrado nas Escrituras, o homem foi chamado a viver em obediência, não como uma restrição opressiva, mas como um caminho para a realização plena de seu propósito e comunhão com o Criador.
O dever humano, nesse contexto, não é simplesmente uma lista de tarefas ou mandamentos, mas um compromisso contínuo de alinhar o coração, a mente e as ações às verdades eternas de Deus.
Esse dever começa com a consciência de que nossa liberdade deve operar dentro dos limites da justiça e do amor divino.
O verdadeiro exercício da liberdade acontece quando escolhemos o bem, mesmo que isso exija renúncia, disciplina e autocontrole — valores que contrariam a natureza egoísta, mas que refletem o caráter de Cristo.
Quais São os Deveres Humanos Fundamentais?
Os deveres humanos, sob a luz das verdades eternas, se refletem em atitudes e valores que devem ser cultivados individual e coletivamente. Eles incluem:
Amar a Deus e ao próximo – Esse é o fundamento de toda ética cristã. Jesus destacou que toda a Lei e os Profetas se resumem no mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-40, ACF). Esse amor é expresso em um compromisso incondicional de buscar o bem e a justiça, ainda que isso contrarie nossos interesses pessoais.
Praticar a Justiça – O dever de agir com justiça implica em viver de forma reta, honesta e imparcial, refletindo a justiça divina. A justiça verdadeira não é movida por interesses egoístas, mas pelo desejo de fazer o que é certo aos olhos de Deus, independentemente das consequências.
Buscar a Verdade – O compromisso com a verdade exige que nos afastemos da hipocrisia e da falsidade. Não se trata apenas de uma verdade racional, mas da verdade absoluta de Deus, que transcende o conhecimento humano e serve de guia para nossas escolhas e valores.
Cultivar a Humildade – A humildade é um dever essencial que nos permite reconhecer nossas limitações e a necessidade de Deus. É o oposto do orgulho e da arrogância, que são as raízes de muitos dos conflitos e injustiças que vemos na sociedade.
Servir ao Próximo – O dever de serviço é a expressão prática do amor ao próximo. Ele se manifesta em atitudes de compaixão, ajuda e apoio, especialmente aos mais vulneráveis. Esse dever contrapõe o egoísmo e a busca por satisfação pessoal.
Preservar a Criação – A responsabilidade de cuidar do mundo que Deus criou é também um dever humano. Isso significa viver de maneira sustentável e respeitosa, reconhecendo que temos um papel de mordomos e não de donos absolutos.
O Contraponto com a Liberdade Absoluta
Ao colocar o dever humano acima do desejo por liberdade absoluta, combatemos a noção de que a vida consiste em satisfazer nossos impulsos e vontades sem limites.
Esse é o dilema que a humanidade enfrenta: ao buscar uma liberdade sem responsabilidade, cria uma realidade de caos, injustiça e sofrimento.
A liberdade, quando desconectada do dever, perde seu sentido e se torna um caminho para a autodestruição.
A verdade é que, sem o parâmetro da justiça divina, a liberdade se torna vazia e, muitas vezes, um pretexto para o pecado. Esse tipo de liberdade, na verdade, é uma escravidão aos desejos egoístas, levando ao rompimento das relações humanas, à violência e à destruição.
Portanto, dever e liberdade devem coexistir em equilíbrio, e esse equilíbrio só é alcançado quando a liberdade é usada para cumprir os deveres que Deus estabeleceu para nós.
O Chamado à Liderança Espiritual Autêntica
O cumprimento dos deveres humanos requer uma liderança que inspire e guie as pessoas a buscar o caráter de Deus. É necessário que pais, governantes, educadores e formadores de opinião compreendam seu papel como exemplos de integridade, justiça e amor divino. Essa liderança, baseada no caráter de Cristo, é fundamental para transformar a sociedade, pois mostra às gerações futuras o caminho da verdadeira liberdade e responsabilidade.
Em suma, os deveres humanos são um chamado eterno que ultrapassa qualquer sistema filosófico ou ideológico. Eles são expressões da justiça divina, que nos orientam a viver de acordo com o propósito de Deus, rejeitando a hipocrisia e o orgulho. Quando uma sociedade baseia-se nesses deveres, ela experimenta uma paz e uma unidade que refletem o reino de Deus na terra. Porém, enquanto a humanidade insistir em perseguir uma liberdade desvinculada da responsabilidade, continuará colhendo as consequências de sua rebeldia.
Os Deveres Humanos Relacionados às Verdades Eternas
Esses deveres, ligados às verdades eternas, se manifestam em várias formas dependendo do papel que cada indivíduo desempenha na sociedade. Vamos explorar isso:
Dever dos Pais
- Cuidado Integral: Pais devem prover não só o sustento material, mas também emocional, intelectual e espiritual, criando um ambiente que reflita as qualidades do caráter de Cristo.
- Ensinar e Instruir na Verdade: O papel dos pais, primeiro e mais fundamental, é transmitir aos filhos o conhecimento e os princípios das verdades eternas de Deus. Isso não significa apenas ensinar regras, mas cultivar um caráter que busque viver essas verdades, demonstrando em suas atitudes o amor, a justiça, a misericórdia e a verdade de Deus.
- Disciplina e Correção: Pais têm o dever de corrigir seus filhos com justiça, baseada no amor e na verdade, não de forma autoritária ou punitiva, mas com o objetivo de guiar e moldar o caráter.
Dever das Mães
- Educação com Amor e Paciência: A mãe é chamada a educar com sabedoria e paciência, sendo uma modelo de carinho, bondade e respeito. A mãe deve ensinar com humildade e discernimento, sabendo que sua influência molda profundamente o caráter do filho.
- Exemplo de Sacrifício: A mãe, como figura de cuidado, representa o sacrifício e a disposição de servir ao bem-estar do outro, refletindo o caráter altruísta e amoroso de Cristo.
Dever dos Governantes (Reis, Presidentes, Líderes Políticos)
- Governo Justo e Imparcial: Os líderes políticos têm o dever de governar com justiça, buscando sempre o bem comum, fundamentado nas verdades eternas de Deus. A verdadeira liderança não busca poder ou controle, mas serviço à sociedade, respeitando os direitos e os deveres dos cidadãos.
- Proteção da Ordem Moral e Espiritual: A liderança deve manter a ordem social em harmonia com as leis divinas, protegendo a sociedade da corrupção, do egoísmo e da injustiça. O dever de um líder é preservar a justiça, a equidade e garantir que os valores divinos sejam refletidos nas políticas públicas.
- Promoção da Verdade: O líder político deve ser um defensor da verdade, mesmo que essa verdade seja impopular. Ele não deve ser guiado pelos ventos da opinião pública, mas pela necessidade de alinhar as leis e práticas governamentais à justiça divina, sabendo que sua autoridade não é absoluta, mas delegada por Deus.
Dever dos Educadores (Professores, Mestres, Filósofos)
- Formação de Caráter: Educadores têm o dever de formar o caráter de seus alunos, não apenas transmitir conhecimento técnico ou acadêmico. Eles devem guiar os jovens na descoberta da verdade, do bem e da beleza, e promover uma educação que ajude a desenvolver a capacidade de viver de acordo com as verdades eternas.
- Desenvolvimento de uma Cosmovisão Cristã: Embora a educação não precise ser exclusivamente religiosa, ela deve incorporar as verdades que fundamentam uma cosmovisão cristã — que reconhece que a realidade é criada, ordenada e governada por Deus.
Dever dos Cidadãos (Povo em Geral)
- Obediência às Leis Divinas e Terrenas: Todos os cidadãos têm o dever de viver segundo as leis de Deus e também respeitar as leis da sociedade, sempre que estas não conflitem com as leis eternas de Deus. Isso significa que os direitos humanos, em seu sentido mais profundo, devem ser orientados pelas verdades que honram a dignidade humana, criadas à imagem de Deus.
- Responsabilidade no Exercício da Liberdade: A liberdade, segundo as verdades eternas, não é absoluta, mas limitada pela necessidade de viver em harmonia com os outros e com a criação de Deus. Os cidadãos devem usar sua liberdade de maneira responsável, agindo com justiça, compaixão e respeito aos direitos dos outros.
A Hipocrisia de Buscar Direitos Sem Reconhecer Deveres
Uma crítica muito relevante ao discurso sobre direitos humanos, é que muitas vezes ele é distorcido para justificar desejos egoístas, sem considerar os deveres humanos que acompanham qualquer direito legítimo.
O verdadeiro exercício de direitos humanos, fundamentado nas verdades eternas, deve começar com a compreensão de que todos somos responsáveis uns pelos outros e pela manutenção da justiça, da verdade e do bem-estar coletivo.
A busca desenfreada pela satisfação individual e a quebra das leis divinas conduzem a sociedade a uma série de distorções e injustiças. Sem um compromisso com os deveres e com o caráter que é moldado pelas verdades eternas, qualquer clamor por justiça se torna uma fachada para o egoísmo humano e uma negação da verdadeira transformação necessária para a sociedade.
Em última análise, os deveres humanos, quando pautados nas verdades eternas de Deus, são a chave para a verdadeira justiça e sustentabilidade social.
Eles são os princípios que devem guiar os pais, governantes, educadores e cidadãos na construção de um mundo mais justo, onde as divisões e as falácias da busca pela liberdade absoluta são substituídas pela harmonia, amor e verdade que vêm de Deus.
Se os líderes e indivíduos viverem segundo essas verdades, a humanidade experimentará a verdadeira liberdade — uma liberdade que é acompanhada pela responsabilidade de viver em conformidade com a justiça e o amor divinos.
Questiono a legitimidade de certas lutas sociais, como os direitos humanos, especialmente quando estas não estão alinhadas com as verdades eternas de Deus, e como a hipocrisia surge quando o caráter humano, que é marcado pela corrupção, se vê confrontado com uma escolha moral: seguir o que é certo aos olhos de Deus ou agir conforme os próprios desejos.
Hipocrisia no Sistema Humano
A hipocrisia está, de fato, enraizada no próprio sistema humano. Somos, por natureza, seres falhos e inclinados ao erro.
O mal não vem apenas de coletividades ou sistemas externos, mas é uma consequência direta do coração humano corrompido.
Essa corrupção do caráter é o núcleo de todas as falhas e injustiças que vemos no mundo. A hipocrisia acontece quando a pessoa ou a sociedade se recusa a reconhecer essa corrupção interna e, ao mesmo tempo, exige que outros ajam de maneira ética ou justa.
Essa falácia se manifesta, por exemplo, na luta por direitos humanos que, sem uma base em princípios divinos e imutáveis, acaba sendo desvirtuada para fins egoístas e ideológicos. A verdadeira busca por direitos — como os direitos das mulheres em um relacionamento abusivo, por exemplo — deve estar fundada na dignidade humana que é criada à imagem e semelhança de Deus. Porém, quando esses direitos são distorcidos para justificar comportamentos imorais ou contrários aos princípios divinos, aí sim a hipocrisia se revela, pois se ignora a responsabilidade moral que acompanha a liberdade individual.
A Necessidade de Deveres Humanos Alinhados com a Verdade Eterna
Minha sugestão é que o foco deva ser nos deveres humanos, antes dos direitos humanos, isso é fundamental. Em uma sociedade onde cada indivíduo, em todas as posições de liderança, entende sua responsabilidade em viver e promover as verdades eternas, o bem-estar coletivo torna-se uma consequência natural. Esses deveres incluem agir com justiça, amor e integridade, buscando refletir o caráter de Cristo e contribuindo para o desenvolvimento moral e espiritual da comunidade.
Em uma visão cristã, esses deveres não são meras obrigações, mas sim expressões de obediência e reverência a Deus. Um pai ou mãe, ao exercer sua liderança com amor e retidão, cumpre seu dever de formar indivíduos que entendam a importância do respeito e da empatia. Governantes e líderes educacionais, ao basearem suas decisões e ensinamentos na justiça e verdade divina, promovem uma sociedade que reconhece a dignidade do outro como expressão da imagem de Deus.
Direitos Humanos vs. Deveres Divinos
A luta por direitos, quando desconsidera os deveres que temos diante de Deus, se torna uma expressão de egoísmo. O verdadeiro entendimento de justiça, segundo o caráter de Cristo, envolve primeiramente o reconhecimento dos deveres humanos perante Deus, onde a busca não é apenas por “direitos” individuais, mas por viver em obediência ao chamado de ser justo, honesto e misericordioso.
Ao negligenciar esses deveres, os direitos humanos se tornam apenas um mecanismo para legitimar comportamentos que, muitas vezes, violam os princípios eternos de justiça e amor ao próximo.
Essa luta por direitos sem o reconhecimento da justiça divina não resolve as mazelas humanas, porque essas mazelas são, em última análise, fruto da natureza pecaminosa e do distanciamento de Deus.
Sem a transformação do coração, qualquer conquista de direitos será superficial, pois não tratará a causa do problema: a inclinação do coração humano para o mal, que só pode ser redimida pela graça e pelo caráter de Cristo.
A Distinção Entre Direitos Humanos e Justiça Verdadeira
Se a ideia de direitos humanos é associada apenas à liberdade de fazer o que se deseja, sem limites morais ou espirituais, então isso se afasta da verdadeira justiça. No entendimento das verdades eternas de Deus, a justiça não é uma liberdade irrestrita para satisfazer os desejos humanos, mas sim uma transformação moral que alinha os indivíduos com a vontade divina e com a verdade universal que transcende as preferências individuais. Nesse sentido, a verdadeira justiça exige integridade e honestidade, e não apenas a aceitação irrestrita das escolhas do outro, especialmente quando essas escolhas envolvem desvios de caráter ou comportamentos que violam princípios fundamentais de moralidade.
Portanto, a verdadeira justiça e direitos humanos não podem ser separados de um compromisso com a moralidade, com a responsabilidade e com a verdade eterna de Deus. Ao distorcer os direitos humanos para justificar a liberdade sem limites, a sociedade está apenas encobrindo as verdadeiras raízes do problema, que estão no desvio de caráter humano e na negação das verdades espirituais.
Em uma sociedade permissiva, onde os indivíduos buscam viver de acordo com seus próprios desejos sem considerar as verdades eternas, tudo se desvia para uma realidade onde as ideologias e sistemas políticos surgem frequentemente como uma tentativa de justificar ou melhorar essa situação, mas sempre falham devido à corrupção intrínseca do coração humano.
A Falácia da Justiça Própria e os Direitos Humanos
A ideia de que cada indivíduo ou grupo pode determinar o que é justo com base em seus próprios desejos ou conveniências cria uma sociedade permissiva, como já discutimos. E isso não é justiça. Em um mundo onde cada um busca a sua própria justiça, a sociedade está fadada a entrar em um ciclo de conflitos, injustiças e disparidades.
Essa falsa justiça, associada aos direitos humanos que não estão enraizados nos princípios de Deus, acaba se tornando uma armadilha. Portanto, as pautas atuais, muitas vezes defendidas como direitos humanos, são, na realidade, manifestações de um egoísmo profundo, que desconsidera as verdades absolutas e acaba afastando ainda mais a sociedade do caminho da verdadeira justiça e da paz.
A Sociedade do Coração Enganoso
O discurso de direitos humanos e a proteção às minorias, muitas vezes, são usados para justificar ações que, no fundo, são contrárias ao que é moralmente correto e ao que está alinhado com as verdades divinas.
A imoralidade sexual e outros comportamentos que vão contra a ordem moral estabelecida por Deus, ao serem permitidos ou até celebrados, acabam sendo tratados como direitos que devem ser respeitados e defendidos por todos.
Essa permissividade é promovida não apenas pelas instituições governamentais ou empresas, mas também pelo próprio sistema educacional, que muitas vezes propaga essas ideias como se fossem inquestionáveis, sem considerar as consequências morais e espirituais que essas liberdades podem gerar a longo prazo.