Por que Deus é Santo?
A santidade de Deus é um atributo essencial de Sua natureza. Ele é santo porque:
- Perfeição Absoluta: Deus é moralmente perfeito e está separado de qualquer forma de pecado, erro ou imperfeição (1 João 1:5 – “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”). Sua santidade significa que Ele é absolutamente puro em Seu ser e ações.
- Separação do Comum: A palavra hebraica para santo, kadosh, carrega a ideia de separação. Deus está completamente separado do mal, da corrupção e da mortalidade que marcam a criação decaída.
- Origem de Toda Bondade: Deus é a fonte de toda bondade, justiça e verdade. Sua santidade não é apenas a ausência de mal, mas a plenitude de tudo o que é bom e perfeito (Tiago 1:17).
O Que é Santidade?
A santidade pode ser entendida como a manifestação prática da pureza, integridade e perfeição moral. Em Deus, é um atributo inerente. Em seres humanos, é um estado ao qual somos chamados, mas que requer transformação contínua:
- Integridade e Pureza: Santidade está intrinsecamente ligada à integridade e à rejeição da corrupção. É viver conforme os padrões de Deus, refletindo Seu caráter em pensamentos, palavras e ações.
- Separação do Mal: Assim como Deus é separado do mal, a santidade nos chama a nos separar das corrupções que vêm de um coração não regenerado e de uma sociedade caída.
- Relacionamento com Deus: Santidade é viver em comunhão com Deus, obedecendo à Sua vontade. Não é apenas evitar o mal, mas buscar aquilo que agrada ao Senhor (1 Pedro 1:16 – “Sede santos, porque eu sou santo”).
O Mal e a Falta de Santidade
A corrupção, tanto individual quanto social, é um reflexo da ausência de santidade. Essa corrupção muitas vezes se manifesta:
- Na Idolatria de Mamon: O amor ao dinheiro e à ganância é um exemplo claro de como a santidade é subvertida. Jesus alertou contra servir a dois senhores – Deus e as riquezas (Mateus 6:24).
- Nas Instituições Corrompidas: A fusão do poder religioso com o político, muitas vezes sem um fundamento genuíno na verdade divina, cria sistemas que perpetuam a injustiça e distorcem a mensagem do Evangelho.
- Na Religiosidade Morta: A santidade não se limita a práticas externas ou rituais religiosos. Jesus condenou os fariseus por honrarem a Deus com os lábios, mas terem um coração distante (Mateus 15:8-9).
Ser Santo: Um Chamado Transformador
Santidade é, antes de tudo, uma obra do Espírito Santo no coração humano. Não é algo que alcançamos apenas por esforço, mas pela graça de Deus. Contudo, isso exige:
- Renovação da Mente: Romanos 12:2 nos chama a não nos conformarmos com este mundo, mas sermos transformados pela renovação da nossa mente, alinhando nossos pensamentos com os de Deus.
- Busca Intencional: Santidade requer decisão e disciplina. É resistir à tentação, evitar alianças que comprometem nossa fé e escolher o que é justo.
- Testemunho em Amor e Verdade: Vai além do “politicamente correto”. Ser santo é ser um reflexo da justiça, do amor e da verdade de Deus, mesmo quando isso desafia tradições humanas e sistemas corruptos.
Deus é santo porque Ele é perfeito, íntegro e separado de qualquer forma de mal. Ser santo, para nós, é um chamado a viver conforme o caráter de Deus, rejeitando a corrupção que começa no coração humano e se manifesta na sociedade. Não se trata de seguir uma religião morta, mas de ser transformado no mais profundo do nosso ser para refletir a glória de Deus no mundo.
Assim, santidade não é apenas um conceito teológico, mas uma prática que afeta nossas escolhas diárias, nossas relações e o impacto que temos na sociedade.
Deus cria o mal como um limite pedagógico, distinto do mal moral e esse tema demanda uma análise cuidadosa à luz das Escrituras e da teologia cristã.
Vamos explorar isso:
Deus e a Criação do “Mal”
Há uma passagem frequentemente mencionada nesse contexto: Isaías 45:7, onde Deus diz: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal. Eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (em algumas traduções, “desgraça” ou “calamidade” substitui “mal”). Essa declaração tem causado muitas reflexões e debates teológicos.
- O Mal Moral e o Mal Natural
- Mal Moral: Relaciona-se às escolhas humanas contrárias à vontade de Deus, como pecado, injustiça e corrupção. Esse tipo de mal não pode ser atribuído à natureza de Deus, pois Ele é santo e sem pecado (Habacuque 1:13: “Teus olhos são puros demais para tolerar o mal”).
- Mal Natural ou Contingente: Inclui calamidades, desastres ou juízos que Deus permite ou estabelece para alcançar propósitos justos, como correção, disciplina ou limitação do mal humano.
- Limites Pedagógicos Deus, em Sua soberania, pode permitir ou criar situações que parecem “maléficas” do ponto de vista humano, mas que têm um propósito pedagógico. Exemplos bíblicos:
- O Dilúvio (Gênesis 6-9): Foi um juízo divino contra a corrupção extrema, mas também uma oportunidade para reiniciar a humanidade.
- As Dez Pragas no Egito (Êxodo 7-12): Atos de juízo que revelaram o poder de Deus e libertaram Seu povo.
- O Espinho na Carne de Paulo (2 Coríntios 12:7): Algo que causava sofrimento, mas o mantinha humilde e dependente da graça de Deus.
Esses “males pedagógicos” não têm origem na maldade, mas na justiça e no amor divinos, que visam ensinar, corrigir ou proteger.
O Mal como Limite para os Humanos
Deus cria limites para conter a natureza decaída do ser humano e para preservar a ordem no mundo.
Esses limites podem incluir:
- Leis e Consequências Naturais: A realidade física e moral é estruturada de forma que ações erradas tragam consequências naturais, como punições ou dificuldades. Por exemplo:
- O sofrimento como resultado do pecado (Gênesis 3).
- O trabalho árduo e a dor como partes da vida humana pós-queda.
- Finitude e Dependência: O ser humano foi criado como um ser limitado, tanto em poder quanto em conhecimento. Essa limitação é uma forma de proteção, pois evita que nos tornemos autossuficientes ou destruamos a criação.
- O Juízo Divino: Deus intervém em momentos críticos da história para impedir que o mal humano se expanda sem controle. Isso pode parecer severo, mas tem como objetivo proteger e redimir a humanidade no longo prazo.
O Propósito Redentor
Mesmo os “males pedagógicos” de Deus têm um propósito redentor. Sua intenção final não é destruir, mas restaurar. Isso é evidente:
- Na Cruz de Cristo: O maior exemplo de sofrimento e “mal aparente”, onde Deus permitiu a morte de Seu Filho para redimir a humanidade (Isaías 53:10).
- Na Transformação do Sofrimento: Romanos 8:28 nos lembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, incluindo situações difíceis que Ele permite para nosso crescimento.
Deus Não É o Autor do Pecado
Embora Deus crie circunstâncias difíceis ou juízos, Ele nunca é o autor do pecado ou do mal moral:
- Ele não tenta ninguém ao pecado (Tiago 1:13-14).
- Ele sempre age com justiça e retidão (Deuteronômio 32:4).
O mal moral, portanto, é fruto da rebeldia humana e da ação de Satanás. Já os “limites pedagógicos” de Deus são expressões de Sua soberania e bondade, direcionadas para a correção e o ensino.
Conclusão
Deus, sendo santo e separado do mal moral, permite e, em alguns casos, cria “males pedagógicos” para limitar a humanidade e conduzi-la ao aprendizado e à dependência Dele. Esses atos não refletem maldade em Deus, mas sim Sua justiça, soberania e amor, que trabalham para redimir o ser humano e restaurar a criação.
Essa reflexão, destaca bem essa tensão entre o mal que nasce do coração humano e o mal pedagógico usado por Deus como fronteira. Ela nos convida a buscar um entendimento mais profundo da soberania divina e da nossa responsabilidade em corresponder ao chamado de viver em santidade.