O Mal e a Santidade de Deus

Por que Deus é Santo?

A santidade de Deus é um atributo essencial de Sua natureza. Ele é santo porque:

  1. Perfeição Absoluta: Deus é moralmente perfeito e está separado de qualquer forma de pecado, erro ou imperfeição (1 João 1:5 – “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”). Sua santidade significa que Ele é absolutamente puro em Seu ser e ações.
  2. Separação do Comum: A palavra hebraica para santo, kadosh, carrega a ideia de separação. Deus está completamente separado do mal, da corrupção e da mortalidade que marcam a criação decaída.
  3. Origem de Toda Bondade: Deus é a fonte de toda bondade, justiça e verdade. Sua santidade não é apenas a ausência de mal, mas a plenitude de tudo o que é bom e perfeito (Tiago 1:17).

O Que é Santidade?

A santidade pode ser entendida como a manifestação prática da pureza, integridade e perfeição moral. Em Deus, é um atributo inerente. Em seres humanos, é um estado ao qual somos chamados, mas que requer transformação contínua:

  1. Integridade e Pureza: Santidade está intrinsecamente ligada à integridade e à rejeição da corrupção. É viver conforme os padrões de Deus, refletindo Seu caráter em pensamentos, palavras e ações.
  2. Separação do Mal: Assim como Deus é separado do mal, a santidade nos chama a nos separar das corrupções que vêm de um coração não regenerado e de uma sociedade caída.
  3. Relacionamento com Deus: Santidade é viver em comunhão com Deus, obedecendo à Sua vontade. Não é apenas evitar o mal, mas buscar aquilo que agrada ao Senhor (1 Pedro 1:16 – “Sede santos, porque eu sou santo”).

O Mal e a Falta de Santidade

A corrupção, tanto individual quanto social, é um reflexo da ausência de santidade. Essa corrupção muitas vezes se manifesta:

  1. Na Idolatria de Mamon: O amor ao dinheiro e à ganância é um exemplo claro de como a santidade é subvertida. Jesus alertou contra servir a dois senhores – Deus e as riquezas (Mateus 6:24).
  2. Nas Instituições Corrompidas: A fusão do poder religioso com o político, muitas vezes sem um fundamento genuíno na verdade divina, cria sistemas que perpetuam a injustiça e distorcem a mensagem do Evangelho.
  3. Na Religiosidade Morta: A santidade não se limita a práticas externas ou rituais religiosos. Jesus condenou os fariseus por honrarem a Deus com os lábios, mas terem um coração distante (Mateus 15:8-9).

Ser Santo: Um Chamado Transformador

Santidade é, antes de tudo, uma obra do Espírito Santo no coração humano. Não é algo que alcançamos apenas por esforço, mas pela graça de Deus. Contudo, isso exige:

  1. Renovação da Mente: Romanos 12:2 nos chama a não nos conformarmos com este mundo, mas sermos transformados pela renovação da nossa mente, alinhando nossos pensamentos com os de Deus.
  2. Busca Intencional: Santidade requer decisão e disciplina. É resistir à tentação, evitar alianças que comprometem nossa fé e escolher o que é justo.
  3. Testemunho em Amor e Verdade: Vai além do “politicamente correto”. Ser santo é ser um reflexo da justiça, do amor e da verdade de Deus, mesmo quando isso desafia tradições humanas e sistemas corruptos.

Deus é santo porque Ele é perfeito, íntegro e separado de qualquer forma de mal. Ser santo, para nós, é um chamado a viver conforme o caráter de Deus, rejeitando a corrupção que começa no coração humano e se manifesta na sociedade. Não se trata de seguir uma religião morta, mas de ser transformado no mais profundo do nosso ser para refletir a glória de Deus no mundo.

Assim, santidade não é apenas um conceito teológico, mas uma prática que afeta nossas escolhas diárias, nossas relações e o impacto que temos na sociedade.

Deus cria o mal como um limite pedagógico, distinto do mal moral e esse tema demanda uma análise cuidadosa à luz das Escrituras e da teologia cristã.

Vamos explorar isso:

Deus e a Criação do “Mal”

Há uma passagem frequentemente mencionada nesse contexto: Isaías 45:7, onde Deus diz: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal. Eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (em algumas traduções, “desgraça” ou “calamidade” substitui “mal”). Essa declaração tem causado muitas reflexões e debates teológicos.

  1. O Mal Moral e o Mal Natural
    • Mal Moral: Relaciona-se às escolhas humanas contrárias à vontade de Deus, como pecado, injustiça e corrupção. Esse tipo de mal não pode ser atribuído à natureza de Deus, pois Ele é santo e sem pecado (Habacuque 1:13: “Teus olhos são puros demais para tolerar o mal”).
    • Mal Natural ou Contingente: Inclui calamidades, desastres ou juízos que Deus permite ou estabelece para alcançar propósitos justos, como correção, disciplina ou limitação do mal humano.
  2. Limites Pedagógicos Deus, em Sua soberania, pode permitir ou criar situações que parecem “maléficas” do ponto de vista humano, mas que têm um propósito pedagógico. Exemplos bíblicos:
    • O Dilúvio (Gênesis 6-9): Foi um juízo divino contra a corrupção extrema, mas também uma oportunidade para reiniciar a humanidade.
    • As Dez Pragas no Egito (Êxodo 7-12): Atos de juízo que revelaram o poder de Deus e libertaram Seu povo.
    • O Espinho na Carne de Paulo (2 Coríntios 12:7): Algo que causava sofrimento, mas o mantinha humilde e dependente da graça de Deus.

Esses “males pedagógicos” não têm origem na maldade, mas na justiça e no amor divinos, que visam ensinar, corrigir ou proteger.

O Mal como Limite para os Humanos

Deus cria limites para conter a natureza decaída do ser humano e para preservar a ordem no mundo.

Esses limites podem incluir:

  1. Leis e Consequências Naturais: A realidade física e moral é estruturada de forma que ações erradas tragam consequências naturais, como punições ou dificuldades. Por exemplo:
    • O sofrimento como resultado do pecado (Gênesis 3).
    • O trabalho árduo e a dor como partes da vida humana pós-queda.
  2. Finitude e Dependência: O ser humano foi criado como um ser limitado, tanto em poder quanto em conhecimento. Essa limitação é uma forma de proteção, pois evita que nos tornemos autossuficientes ou destruamos a criação.
  3. O Juízo Divino: Deus intervém em momentos críticos da história para impedir que o mal humano se expanda sem controle. Isso pode parecer severo, mas tem como objetivo proteger e redimir a humanidade no longo prazo.

O Propósito Redentor

Mesmo os “males pedagógicos” de Deus têm um propósito redentor. Sua intenção final não é destruir, mas restaurar. Isso é evidente:

  • Na Cruz de Cristo: O maior exemplo de sofrimento e “mal aparente”, onde Deus permitiu a morte de Seu Filho para redimir a humanidade (Isaías 53:10).
  • Na Transformação do Sofrimento: Romanos 8:28 nos lembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, incluindo situações difíceis que Ele permite para nosso crescimento.

Deus Não É o Autor do Pecado

Embora Deus crie circunstâncias difíceis ou juízos, Ele nunca é o autor do pecado ou do mal moral:

  • Ele não tenta ninguém ao pecado (Tiago 1:13-14).
  • Ele sempre age com justiça e retidão (Deuteronômio 32:4).

O mal moral, portanto, é fruto da rebeldia humana e da ação de Satanás. Já os “limites pedagógicos” de Deus são expressões de Sua soberania e bondade, direcionadas para a correção e o ensino.


Conclusão

Deus, sendo santo e separado do mal moral, permite e, em alguns casos, cria “males pedagógicos” para limitar a humanidade e conduzi-la ao aprendizado e à dependência Dele. Esses atos não refletem maldade em Deus, mas sim Sua justiça, soberania e amor, que trabalham para redimir o ser humano e restaurar a criação.

Essa reflexão, destaca bem essa tensão entre o mal que nasce do coração humano e o mal pedagógico usado por Deus como fronteira. Ela nos convida a buscar um entendimento mais profundo da soberania divina e da nossa responsabilidade em corresponder ao chamado de viver em santidade.

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