Sem regras ou responsabilidades, “os seus problemas você deve esquecer!”.
A sociedade “Hakuna Matata,” ao adotar um conceito de liberdade absoluta, inspira uma reflexão profunda sobre o perigo de uma liberdade desatrelada de responsabilidade e limites. Sob a lente dos direitos humanos, a liberdade absoluta parece ideal, mas, paradoxalmente, corre o risco de corroer os próprios fundamentos da dignidade humana quando o bem coletivo e a justiça social são sacrificados em nome dos desejos individuais.
A ideia de uma “sociedade do amor liberal” que adota uma postura cúmplice em relação ao pensamento coletivo, mas orientada pelos impulsos e desejos de cada indivíduo, toca em uma questão fundamental sobre o conceito de liberdade. Em uma sociedade onde a liberdade não está ancorada na responsabilidade moral e social, as necessidades de justiça e equidade perdem relevância diante da satisfação imediata dos desejos pessoais. Esse modelo de amor liberal valoriza a expressão individual, mas, sem um alinhamento moral ou ético que transcenda o eu, pode resultar em uma fragmentação social perigosa. Em outras palavras, o foco nos desejos pessoais tende a suprimir a empatia e o compromisso com os outros, alimentando uma perspectiva antropocêntrica e narcisista.
Essa infantilização espiritual é precisamente o que encontramos na ausência de um fundamento moral que reconheça as limitações da natureza humana. Deixar o “estado do coração humano” sem qualquer forma de orientação ou controle é como permitir que um barco à deriva navegue no mar sem direção. Essa inclinação natural para o egocentrismo, sem mecanismos de autocontrole ou um sentido transcendente de responsabilidade, tende a desmoronar as estruturas sociais e as normas que mantêm a ordem e a justiça.
Em termos de justiça social, a liberdade desenfreada muitas vezes ignora a necessidade de proteger os mais vulneráveis e preservar os direitos coletivos. Uma sociedade que exalta o indivíduo ao extremo dificilmente consegue criar políticas ou práticas que garantam igualdade, visto que o foco se desloca do coletivo para o individual. Esse modelo exacerba as desigualdades ao invés de remediá-las, criando uma espécie de “anarquia espiritual” onde cada um é o centro do próprio universo moral.
Para encontrar um equilíbrio, é fundamental entender que os direitos humanos, para serem plenamente eficazes, devem coexistir com responsabilidades e limites. A liberdade deve ser sempre acompanhada de uma responsabilidade que atenda não apenas aos interesses individuais, mas ao bem-estar da comunidade. Assim, uma sociedade genuinamente livre deve reconhecer suas inclinações naturais, cultivando um senso de dever e cuidado com o próximo.
Seria interessante refletir sobre como a educação e as estruturas sociais poderiam promover um modelo de liberdade responsável, enraizado em valores que transcendam o indivíduo e busquem a justiça coletiva por meio das verdades eternas e imutáveis de Deus.